1/17/2007

VIDA EM MOVIMENTO
Vida em movimento não é nada fácil, mesmo quando essas vidas são movimentadas por pessoas especiais (deficientes).
Viajamos bastante e resolvemos criar um grupo de dança que é composto por pessoas com def.física e com def.visuais ou seja baixa visão e alta safadezas... O negócio dessas meninas é apalpar, porém quando existem algumas perguntas básicas como vocês enxergam?? E algumas delas sendo mulheres respondem; - só enxergo os homens... Nas viagens alguns coqueteis e algumas passam a noite chamando hugo(vômito)rs...
Uma certa noite ao apresentar o nosso show em uma escola, onde os alunos que arranjaram o transporte, lá vem o motorista morrendo de raiva e com o carro cheio de deficientes. Era necessario um onibus, pra tanta cadeira de rodas, porém ele amarrou tudo em cima do carro e de repente la vem braço e perna de cadeira de rodas caindo e eu sorrindo, não parava mais.... E dizia ate mesmo as cadeiras seu motorista são deficientes...
Mas no meio de nós tudo e motivo de paidinhas,tem uma componente do grupo que ja se casou duas vezes e é pq e deficente, imagine se não fosse...
Mas descobrimos somente que \"o homem é deficente quando ele mesmo esbarra em seu próprio preconceito\".
Nossa vida esta em constante movimentos e o nosso grupo ri muito com o maior site de humor babacas,cujo nome babaca no nordeste e bem tradicional e ate mesmo em sala de aula,as crianças ja acessam esse site e morremos de rir tudo juntos e transformamos nossa vida em motivo de alegria...
Um abraço a todos e parabéns pelo maravilhoso site,depois volto com mais histórias..publiquem nossa história porque somos muito especiais.....viva o grupo vida em movimento,viva o nordeste....e o um brinde ao humor... Martha cristina maia.
PUBLICADO NO SITE HUMOR BABACA
Enviado por: Martha Cristina Maia
Mossoro -Rn Idade: 36 anos
PESSOAS PRECISAM DE PESSOAS
Martha Cristina E. MaiaProfessora
marthacristinamaia@hotmail.com

Meditem nessa reflexão das 4 velas.
As quatro velas estavam queimando calmamente o ambiente, que era tão silencioso que se podia ouvir o diálogo entre elas. A primeira disse: - Eu sou a paz, e apesar da minha luz, as pessoas não conseguem manter-me acesa. Em seguida, a sua chama devagarinho se apaga totalmente. A segunda disse: - Eu me chamo fé! Infelizmente sou supérflua para as pessoas, pois elas não querem saber de Deus. Por isso não faz sentido continuar queimando. Ao terminar sua fala um vento bateu levemente sobre ela e a chama se apagou. Baixinho e triste, a terceira vela se manifestou: - Eu sou o amor! Não tenho mais força para queimar. As pessoas me deixam de lado porque só conseguem enxergar elas mesmas. Elas se esquecem até daqueles que estão a sua volta. E também se apagou.De repente chega uma criança e vê as 3 velas apagadas. - O que é isso? vocês devem ficar acesas até queimar até o fim. Então a quarta vela falou: - Não temos, crianças! Enquanto eu estiver acesa, sempre poderemos acender as outras três.A criança pegou, então, a vela da esperança e acendeu novamente as que estavam apagadas.
O mundo necessita de amor e esperança urgente. Relato nesse momento um testemunho de vida de Renata Kelly Batista da Silva, que mora em Mossoró e tem 27 anos, casada e mãe de uma criança de 5 anos, do sexo masculino.
Ela adquiriu a diabete melitus aos 3 anos de idade e é dependente de insulina desde essa época. A sua deficiência foi percebida quando aos 7 meses de gestação percebeu a dificuldade de ler livros. Foi imediatamente ao médico e logo constatou-se a perda da visão do olho direito e indícios da perda do esquerdo. Teve que ir às pressas a Natal para fazer uma cirurgia a laser para tentar salvar a visão desse olho.Após ser atendida por uma junta médica, foi diagnosticado o deslocamento de retina ocasionado pela diabetes. As taxas de glicose aumentaram tanto que foi necessário fazer um ultra-som, o que diagnosticou que o seu filho estava seguro em apenas uma artéria, devido a cirurgia do olho.
Mas graças a Deus ele nasceu saudável, aos 7 meses, medindo 46 cm e pesando 2,700kg. "Deparei-me com uma nova e difícil realidade. Tinha que aprender a conviver com o fato de não enxergar. Todavia todos os que me conheciam deram-me muita força e entusiasmo para viver, principalmente minha família, que me apoiou significativamente em tudo. Quanto a minha vida escolar, concluí o ensino médio ainda vidente. Hoje freqüento o centro de apoio ao deficiente visual (CADV). Lá estou aprendendo o Braille, tenho aula de orientação e mobilidade para aprender a me locomover sozinha. Participo de um grupo de dança formado por pessoas de deficiências variadas, o grupo é denominado Vida em movimento.
Embora esteja enfrentando obstáculos devido a cegueira, considero-me uma pessoa feliz. Sinto a presença de Deus em minha vida, e a cada dia percebo que o verdadeiro cego é aquele que não consegue ver as maravilhas de Deus".
A Renata, querido leitor, é uma das pessoas com o mais lindo sorriso da cidade, sua alegria é contagiante.
Há uma letra de uma música que nos diz: NINGUÉM É IGUAL A NINGUÉM. Subscrevo essa letra do Skank:
"Há tantos quadros na parede, há tantas formas de se ver o mesmo quadro. Há tanta gente pelas ruas, há tantas ruas e nenhuma é igual a outra. Ninguém é igual a ninguém. Me espanta que tanta gente sinta (se é que sente) a mesma indiferença. Há palavras que nunca são ditas, há muitas vozes repetindo a mesma frase:ninguém é ninguém. Me espanta que tanta gente minta (descaradamente a mesma mentira). Todos iguais, todos iguais, mas uns mais iguais que os outros. Há pouca água e muita sede, uma represa, um apartheid (a vida seca e os olhos úmidos) entre duas pessoas e quatro paredes. Tudo fica claro, ninguém fica indiferente, ninguém é igual a ninguém, me assusta que justamente agora, todo mundo e toda gente tenha ido embora. Todos iguais, todos iguais, mas uns mais iguais que os outros, tão desiguais...Tão desiguais..."
Ofereço essa música aos alunos do Eliseu Viana, onde demos a palestra sobre legislação, a todos e todas do (CADV) e aos componentes do grupo Vida em Movimento.
Convido o querido leitor a se fazer presente ao IV SEMINÁRIO TEMÁTICO do Dia Nacional de Luta das pessoas com deficiência, nos dias 21 e 22 de setembro.
Quando a gente pensa que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.
Que o leitor todos os dias encontre mais beleza em seu ser, e nunca esqueça:
Pessoas precisam de pessoas. Um lindo amanhecer, é o meu desejo, bons ventos em seu ser.
MEU IRMÃO NEGRO
Publicado no Jornal gazeta do Oeste Suplemento Escola em 12/07/2006


Martha Cristina E. Maia
Professora
marthacristinamaia@hotmail.com

Subscrevo Pedro P.Macedo, falando sobre os contrastes:

Se é para falar de amor/das coisas do coração/escrevo com muita emoção, se e para falar de beleza/das coisas da natureza, escrevo com muito prazer. Mas se é para falar de história/das decepções e das glórias humanas, repletas de insensatez/me envergonho em escrever. Para falar de escravidão, ditaduras, corrupção, diferenças sociais, ou para falar de guerras biológicas e nucleares, coisas tão irracionais. Como a história não é isso restritamente/e as pessoas que constroem não são todas delinqüentes. Ainda escrevo em homenagem a Platão e a Sócrates, a João de Deus e Tiradentes, ao sertanejo sofrido, que mesmo com flagelo da seca, não perde a esperança e nem o sorriso. Ao favelado que constrói sua história com as guerras do dia-a-dia: é a dignidade deste povo que me inspira nessa poesia!... Na copa do mundo deste ano foi muito divulgado o pedido contra o racismo, é tempo de fazer amigos todos os dias. "Os sonhos libertam a alma e um documento liberta um povo" ...um povo que sonha com a plena destruição das barreiras do destino, das barreiras do branco... falta de socialização humana, segundo Derick Moura. Todos ganham com a convivência das diferenças, valores de primeira grandeza como a amizade e o respeito. Gerson Filho diz que o preconceito é incompatível com a grandiosidade de Deus. "O preconceito alimenta a cegueira, a insanidade de sobrepor aos iniciantes a eleição pela aparência, a exclusão pelos defeitos" (Fabrício).

Estou participando do curso Preconceito se desaprende na escola: educação para as relações étnico-raciais, e subscrevo a professora Maria Auxiliadora da Silva, que nos diz:

RACISMO - expressão que não podia fazer convívio em nosso país. Todos e todas são pessoas de capacidade e de perfil. Nosso país precisa acordar para entender as diferenças. Raça é uma característica, cor é cor... o que importa a cor? Brasil, desça... deixe de preconceito! Você com essa mania de achar que tudo é feio! Assim dessa maneira tu vai cair no abismo! Foi para isso que tu nasceste, Brasil? Para construir um mundo de incertezas! De desigualdades sociais? Como uma mesa sem cadeira? Foi, Brasil? Brasil... Não se faz um jardim somente com uma flor... Bob Marley dizia também que enquanto a cor da pele dos homens for mais importante do que o brilho dos seus olhos haverá guerras. Nelson Rodrigues dizia: não caçamos pretos no meio da rua a pauladas, como nos EUA, mas fazemos o que talvez seja pior. A vida do preto brasileiro é toda tecida de humilhações. Nós tratamos com uma cordialidade que é o disfarce pusilânime de um desprezo que fermenta em nós, dia e noite. Ele também denuncia sempre aquilo que geralmente se esconde por detrás das aparências. Aponta uma farsa da qual muitas vezes o Brasil se orgulha, a crença de que no Brasil vive-se uma democracia racial.Finalizo o texto com um pouco de humor com o título homem de cor... Após ser chamado de homem de cor, o crioulo vira-se para o homem e diz: - meu caro irmão branco, quando eu nasci eu era negro, depois eu cresci e continuei negro, quando eu tenho medo, eu sou negro, quando adoeço fico negro e o dia que eu morrer serei negro... Enquanto você, homem branco, quando você nasce, você é rosa; quando você cresce, você fica branco; quando pega sol, fica vermelho; quando sente frio, fica azul; quando tem medo fica verde; quando adoece fica amarelo, e quando morre ainda quer virar cinza.Então, meu amigo, como é que você tem a cara-de-pau de me chamar de homem de cor?Que possamos aprender com o nosso Deus, que não faz acepção de pessoas, e com o Cristo, que ensina ao mundo inteiro que os negros são nossos irmãos. Preconceito, não te entendo e não te aceito.

Que neste lindo amanhecer as nossas diferenças sejam uma verdadeira riqueza para cada ser humano. Um bom dia para todos e todas e a todos que estão fazendo o curso Preconceito, um grande abraço, bem como a todos os professores da UERN.

DAI-ME FORÇAS, SENHOR!
Publicado no Jornal Gazeta do Oeste Suplemento Escola em 05/07/2006
Martha Cristina E. Maia
Professora
Deus nos diz: nenhuma de suas obras veio ou ficou sem beleza, pois a feiúra é invenção dos homens. Não importa se um corpo é gordo ou magro: ele é o templo do espírito... Não importa se os braços são longos ou curtos: sua função é o desempenho do trabalho honesto...
Não importa se as mãos são delicadas ou grosseiras: sua função é dar e receber o bem... Não importa a aparência dos pés: sua função é tomar o rumo do amor e da humildade... Não importa o tipo de cabelo, se existe ou não numa cabeça, o que importa são os pensamentos que por ela passaram... Não importa a fome ou a cor dos olhos ou da pele... O que importa é que vejam o valor da vida... Não importa o formato do nariz: o que importa é inspirar e expirar a fé... Não importa se a boca é graciosa ou sem atrativos: o que importa são as palavras que saem dela.
No ano de 2004, no Rio de Janeiro, a professora carioca Andrea Salgado teve as duas pernas amputadas pelas pás de um motor de embarcação. Na época ela surpreendia a todos com sua força de vontade e otimismo. Em seu testemunho ela nos diz: “Sou forte, tenho vontade de viver. Não foi uma perna só, foram duas... Não terei mais minhas pernas de volta, mas não adianta ficar na cama chorando... Eu dizia a Deus o tempo todo: tira a minha perna mas não tira a minha vida...” E dizia ela ao marido para não se prender ao que perdi, mas ao fato de estar viva, que já é um milagre de Deus.
Muitas pessoas no mundo que tiveram seus membros amputados não reconheceram isso... A vida, a oportunidade que Deus ainda dá aos seus filhos. Isso ocorre devido a viver num mundo do preconceito e da pena, que esse é o pior sentimento que alguém pode sentir. Aos que perderam em suas vidas seus membros, desejo que a partir daí sejas um campeão, um guerreiro, aceitando suas limitações. Temos alguns exemplos de grandes guerreiros, tais como o dr.Alexander Graham Bell, que passou anos pesquisando um meio de criar um instrumento que ajudasse sua esposa com dificuldades auditivas. Ele falhou em seu objetivo final, mas sua pesquisa resultou na comunicação telefônica. O primeiro fracasso de Thomas A.Edison aconteceu quando sua professora o mandou para casa com um bilhete para seus pais, dizendo que ele não tinha condições de aprender. Isto o deixou tão abalado que o impediu de educar-se de tal forma que se tornou um grande inventor.
Sua surdez parcial deve ter sido considerada por muita gente desvantagem de grandes proporções, mas ele se adaptou a ela de tal maneira que conseguiu desenvolver a capacidade de escutar (de dentro), através de seu sexto sentido e descobrir tantos segredos em sua habilidade em sua carreira de inventor.Analise o fracasso e descubra como cada fracasso traz consigo a semente de um benefício que precisa ser descoberto através da iniciativa pessoal de cada um. Muitos homens consideram a perda do uso de suas pernas tragédia de grandes proporções. Franklin D. Roosevelt relacionou-se de tal maneira com essa deficiência que levantou a cabeça e decidiu ir em frente usando aparelhos ortopédicos e saiu-se muito bem no seu poder, mesmo sem poder usar suas próprias pernas.
Milo C. Jones mal conseguiu ganhar a vida em sua fazenda quando foi atacado de paralisia e perdeu o controle do corpo. Ele descobriu que tinha uma mente e que suas possibilidades de realização eram limitadas somente por seus desejos e exigências, mesmo sem utilizar o corpo, através da mente ele concedeu a idéia de fazer salsichas, de pequenos leitões e tornou-se milionário.
O fracasso ou serve como desafio para maior esforço ou desencoraja a novas tentativas ou novos desafios, é isso de que a vida é feita.
Parece que a natureza derruba as pessoas com as adversidades para ver quais são aquelas capazes de se levantarem e lutarem mais uma vez. Nossas únicas limitações são aquelas que impomos a nossas mentes ou permitimos que os outros imponham. Dai-me forças, Senhor, esse é o meu desejo a mim e ao querido leitor com raízes em meu coração nesse lindo amanhecer. Um dia lindo a todos.
CARTA DE UM EXCEPCIONAL


Martha Cristina E. Maia
Professora
marthacristinamaia@hotmail.com

No IV seminário temático do Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, fiquei a observar o desespero de algumas mães de filhos com paralisia cerebral em relação à educação. Cada ser humano tem sua forma própria de aprender, cada um é um, é isto que tem que ser respeitado. Muitos convites foram enviados, porém "os ignorantes, que acham que sabem tudo, privam-se de um dos maiores prazeres da vida: aprender".
Subscrevo uma carta de um excepcional que nos diz: "Mamãe... num raro momento de felicidade, recobro a consciência e por alguns instantes libertei-me do meu corpo, livre dos embaraços físicos. Pedi a Deus a oportunidade de me comunicar com você. Sei o quanto sofre ao ver-me no corpo excepcional, onde me abrigo como filho do teu coração, por isso quis falar-lhe.
Saiba, mamãe, antes de receber-me carinhosamente em teu ventre, eu era um náufrago nos mares espirituais do sofrimento, foi você a praia que me acolheu, devolvendo-me a
segurança. Não pense que se eu tivesse morrido ao nascer teria sido melhor pra nós dois, é um engano cruel, pois o que é mais importante pra mim é viver, o seu amor e a sua força que pode prolongar-me a vida. O corpo disforme que hoje sustenta-me a vida representa pra mim um tesouro de bênçãos, onde reeduco o meu espírito, aprendendo a valorizar a vida que tanto desprezei.
Sei que sofre por eu não poder dar-lhe as alegrias de uma criança sadia, porém reconforta-me saber que para mães como você, Deus reserva as alegrias celestiais, é missão que Deus só entrega a mulheres especiais como você. Vou retornar ao corpo, assim como uma ave que retorna ao ninho onde se abriga das tempestades, mas antes rogo a Deus que lhe abençoe, colocando nessa carta a força da gratidão de um filho que teve a felicidade de ter um anjo como mãe (Regina).
Temos também em Mossoró exemplos de superação, como a vida de Louise Melo de Morais Vale, cuja família não tinha o conhecimento real da sua deficiência, que só veio a ser descoberta com 6 anos de idade. Ela tem deficiência visual. A descoberta iniciou-se a partir de da escola, quando ela não conseguia tirar a matéria do quadro. Ocorreram naquele momento as suas frustrações e más lembranças, pois ela necessitava deslocar-se da carteira até bem próximo do quadro para enxergar as letras e mesmo assim nem sempre conseguia, além de ser sempre xingada pelos demais alunos com vários palavrões quando ficava na frente deles.
Mesmo sendo colocada em uma carteira perto do quadro, sentia dificuldades e ficava isolada das outras crianças. "Eu chorava muito pra não ir mais às aulas. Devido a essas circunstâncias saí da escola e passei o resto do ano sem estudar, e comecei a ter aulas particulares, pois minha mãe não queria me deixar sem orientação escolar. Nessa época, por intermédio de uma vizinha, fui levada a fazer alguns testes com psicóloga e de lá fui encaminhada ao CADV, onde estudei da até a quarta série. Lá sentia-me em casa, fiz boas e duradouras amizades, as quais perduram até a atualidade. Adquiri o gosto pelo estudo e aprendi que não era a única com alguma deficiência. Depois fui encaminhada a uma escola de ensino regular e em 1997 comecei a estudar no Diocesano, sendo muito bem recebida. Durante esse período, mantive um ótimo relacionamento com os professores, com pequenas exceções. Quando estava na oitava série, o professor de ciências passou a tarefa de transcrever da apostila para uma folha de papel ofício o desenho de uma orelha,e alegando que eu deveria ter tratamento igualitário, exigiu-me a realização da mesma atividade, não aceitando a minha argumentação de impossibilidade. Ele confundiu a noção de tratamento igualitário. Nessa fase, meu relacionamento com os colegas de classe era problemático: quase não tinha amigos. Nos trabalhos escolares, acabava por ficar nos grupos de alunos mais desinteressados. Fui destacada na quinta série como aluna nota 10 num jornal da escola, contudo meus conflitos interiores almejavam muito mais pelas amizades e aceitação da minha pessoa por parte deles do que mesmo pelas referidas notas. Cheguei até a dizer para duas grandes amigas que trocaria todos os meus 10 pelas amizades que uma das colegas de classe tinha. No ensino médio dei a volta por cima e, para dentro de mim mesma, deu-se com o fato que marcou a grande transformação que iria ocorrer em minha vida. Foi nos meses iniciais do 1º ano. Eu estava com uma colega, mas na imensidão do Diocesano, sentia-me sozinha. Nesse dia, aconteceu algo estranho: comecei a chorar no corredor e uma outra colega veio conversar comigo e eu não sei bem o porquê, mas a partir desse momento começou minha superação. Comecei a me enxergar como pessoa e não querer a minha deficiência. Assim aconteceu a transformação em minha vida. Nesse mesmo ano pude escolher 3 grupos para realizar um trabalho, bom para quem anteriormente não tinha nem escolhas. No decorrer dos últimos anos, os quais antecederam a grande virada, existiram alguns fatos que contribuíram: o nascimento de minha irmã, em 1998, deu-me mais autonomia, a inclusão de novos alunos na minha classe, provenientes de outras turmas do mesmo colégio, os quais já tinham ouvido falar de minha capacidade através dos professores, e meu namoro com um rapaz cego que me mostrou nossa capacidade, mesmo sendo deficientes. E pra ampliar meus horizontes,
prestei vestibular pra serviço social em uma sala especial com ledor para prova ampliada e tempo adicional na UERN, em abril de 2004. Fui aprovada e passei em primeiro lugar, e
atualmente participo de um grupo de dança Vida em Movimento, com pessoas com baixa visão e deficientes físicos. Encontro-me em uma fase cheia de planos e perspectivas, estando em um estágio curricular no CEFET-UNED-MOSSORÓ/RN. Pretendo trabalhar com a causa da inclusão e cursar uma pós-graduação. Mesmo assim, conflitos internos, vez por outra surgem em minha mente, quando por algum motivo decorrente da deficiência visual me vejo em desvantagem ou impossibilitada de realizar algumas tarefas. No entanto, a equipe do serviço social, minha mãe, amizades, têm me dado apoio pra continuar firme em busca de
minhas metas. Encerro aqui a minha história de educação escolar até o presente momento, e não o de minha vida de aprendizagem".
Minha querida Louise, seu testemunho é lindo, e cumpri o que disse de publicar aos nossos queridos leitores seu exemplo de vida. Deixo essa carta para sua meditação de Harry W. Boullon. Quando o dia amanhecer e lhe trouxer novos temores, luta! Porque na luta cotidiana o seu valor se reafirmará. Se a vida lhe entristece e a tristeza lhe toma, luta! Com persistência e uma meta, o vazio a deixará.
Se a dor estiver forte e a vida insuportável, luta! Porque por mais intensa a você será dada a paz. E se acontecer de um amor ingrato marcar a sua vida, então, sem pensar, LUTA! Porque o trabalho apagará a dor. Os pequenos prazeres que em sua vida existem, se queres, saboreia-os plenamente, LUTA! Porque o repouso da jornada será maior quando você merecer. Se em sua família quer como uma mãe exemplar dar, LUTA! Porque nunca um covarde venceu e seus filhos lhe seguirão.
E na vida, querido leitores, "os que foram maltratados e acreditam que foram maltratados são terríveis, pois estão sempre em busca de sua oportunidade" (Aristóteles). A todos, desejo um dia cheio de superações e de lutas, nunca esqueçam, são os meus votos
ORAÇÃO DO ALUNO ESPECIAL
Publicado no Jornal Gazeta do Oeste - Suplemento Escola em 18/10/2006
Martha Cristina E. Maia
Professora

Senhor, tua criação é perfeita. Todos os dias podemos contemplar o milagre da vida se renovando. Tudo acontece de novo e tudo é absolutamente novo. Cada ser que habita o universo surge com suas características próprias. Não há no mundo duas criaturas idênticas, e quanto mais se desenvolve e convive com outras pessoas, vão ganhando um novo jeito de ser e de existir.
Tua criação é perfeita, e nessa perfeição, convivemos com aqueles que têm diferenças. São pessoas que ouvem menos ou nada ouvem, que enxergam pouco ou não enxergam, que não falam ou falam de tantas outras maneiras, que nascem ou desenvolvem um tipo de limitação que atinge alguns de seus órgãos, isso não o que fazem menores ou menos belos, são apenas diferentes.
E diferentes são todos aqueles que se aventuram nessa jornada da existência humana, alguns escolhem ser chamados de pessoas com necessidades especiais, e eles têm, sim, necessidades especiais, e que todos nós temos que precisam ser supridas de alguma maneira e somos carentes. Todos nós carecemos de atenção, ternura e afeto, carecemos que outros humanos enxerguem em nós possibilidades, muitas vezes pessoas que nos confundem com patinhos feios, mas convido a mirar nossa imagem no lago onde somos cisnes. Não somos feios ou esquisitos, somos diferentes grupos que não podiam perceber nossa diferença e nossa beleza. Somos belos todos nós... Cada um a seu modo, porém belos... Não carecem de pena aqueles que são limitados por algum motivo, não carecem de sentimentos mesquinhos, mas carecem de dignidade, aceitação e respeito, de espaço para que se sintam utéis e possam estudar e trabalhar e viver a sua intensidade da vida.
Crianças com síndrome de down, como são carinhosas e autênticas. Quem as conhece, as ama e conta belíssimas estórias de amor e gostam tanto de abraçar, e cantam, dançam e riem, parecem não se deixar contaminar com disputas mesquinhas que separam as pessoas e ferem sentimentos. Quando, entretanto, essas crianças são rejeitadas, e não quiseram os pais entenderem que elas eram especiais por poderem conviver com essas jóias, porém o triste abandono. Os alunos que freqüentam as escolas, as crianças que se alvoroçam diante do novo, elas não são preconceituosas, com certeza saberão conviver com o diferente de forma solidária. Como é bonito perceber o intuito de presença e solidariedade dos colegas que se dispõem a empurrar a cadeira de rodas, ajudar aqueles que mesmo cheio de luz não conseguem enxergar o seu material. É assim que o tempo se torna seu grande aliado da aprendizagem para todos. Porém para todos aqueles que são capazes de aprender...
Tua criação é perfeita senhor... E nessa perfeição percebemos as diferenças convivendo com as barreiras, as que existem são simples de serem transpostas, as mais difíceis são aquelas que teimam em habitar as almas dos que se sentem superior. Triste sentimento, mas a ausência dele... Triste discurso dos pais e mães que, ignorantes de amor, ensinam os filhos a tomarem cuidado com tudo o que for diferente... Diferente por ter outra cor ou cabelo, que vive em outro Estado ou país ou por comungar de outra religião, ou menos dinheiro no banco. Esses pais são verdadeiramente cegos e surdos de espírito, tem todos os sentidos e por sua vez não tem o menor sentido. Tua criação é perfeita, senhor... É nessa harmonia que faço essa oração e que ninguém se sinta excluído, diminuído ou marginalizado... Que ninguém se sinta sozinho por falta de amor. Que ninguém se dê ao direito de magoar e que ninguém seja magoado. Tua criação é perfeita, senhor... E nessa criação eu agradeço o dom da sensibilidade de perceber que é muito bom viver no mundo dos indiferentes.
Isso nos faz mais humanos e sensíveis e felizes. Isso nos faz sentirmos sensível a tua presença em nós, e a cada instante em nossas vidas. Amém.
Depois dessa linda oração quero dizer ao querido leitor que, como professora, trabalhei o projeto inclusão no Colégio Evangélico com a turma de 2º ano e quero compartilhar um pouco duas cartinhas dos pequenos que fizeram aos especiais...
"Olá, amigos. Como vocês estão levando a vida? Não fiquem tristes porque perderam as pernas, perderam as pernas e não a vida. Vocês têm uma linda vida pela frente, o seu sonho não morreu. Hoje em dia existem carros adaptados pra vocês, graças a Deus, e a tecnologia, e ainda vamos apostar uma corrida juntos heim... Abraços. Layrone".
E a outra cartinha foi escrita por Nayany Paula, que diz que tem um primo que tem síndrome de down.
"Ele chama-se Caliby e tem 10 anos. Ele não sabe brincar e nem escuta, mas eu tenho muita vontade de brincar com ele, mas ele não entende de brincar... Ele é muito sensível e tem muita facilidade de ficar doente, é nessas horas que tenho muito dó dele. Olha, minha tia cuida muito bem dele e nós temos muito carinho por ele. Ele é muito especial na nossa vida. Vou finalizar com muito amor e feliz por ele fazer parte de nós. Beijos e abraços para todas as crianças que são diferentes." Os alunos fizeram entrevistas com os especiais e contei o testemunho da aluna Benomia Maria Rebouças, do curso de pedagogia,,que nasceu com uma doença congênita chamada osteogênes imperfeita, e conhecida popularmente como ossos de vidro.Ela teve uma infância muito sofrida devido as várias fraturas, mas nada que pudesse diminuir a sua vontade de viver e ser feliz. com 5 anos de idade perdeu o seu pai e foi criada pela mãe e uma irmã. Foi alfabetizada em casa por sua mãe, porém sua maior vontade era estudar em uma escola. "Mostrava pra minha mãe que eu tinha o direito de estudar como qualquer criança, mas a mãe de uma criança com deficiência superprotege o seu filho, ela não aceitava. Porém isso não foi empecilho pra eu desistir... Só que com muito custo ela aceitou e daí começou o preconceito das escolas em me aceitar. Batemos em várias portas e recebemos muitos nãos. 'Não podemos aceitar a sua filha, pois os professores não estão preparados', mas mesmo assim eu não queria desistir. Um dia numa missa conheci Jandira (assistente social da APAE). Estudei um ano lá, mas o ensino da APAE era alfabetização e eu já era alfabetizada, mas valeu, foi uma boa experiência.
Quando saí fiquei sem estudar, pois a escola que aceitava crianças com deficiências ficava longe da minha casa. Mas mesmo assim não desistia dos sonhos de terminar os meus estudos e, quem sabe, chegar a uma universidade. Depois de muitos anos, já na idade adulta, conheci um amigo de minha irmã que tinha deficiÊncia física e participava da ADEFIM, e me convidou a participar de um ato público na praça do mercado. Foi aí que eu conheci alguns dos grandes amigos que hoje tenho. Terminei o primeiro e segundo grau no supletivo e com muito esforço cheguei a universidade passando em primeiro lugar no curso de pedagogia.
Hoje estou em uma nova etapa da minha vida, e a meta agora é terminar a universidade e entrar no mercado de trabalho. Hoje a minha vida mudou completamente, apaixonei-me pelo movimento de pessoas com deficiências e sem ele eu não vivo. Lutar pela inclusão não é nada fácil, se não tiver o apoio da sociedade e do poder público. Eu hoje tenho uma convicção de que eu vim ao mundo com essa deficiência por ter uma missão para cumprir, levantando a bandeira da inclusão, do preconceito sobre o negro, o soropositivo, o albino ou sobre qualquer que sofra discriminação. Não quero levantar só a minha bandeira, mas sim todas as bandeiras que eu tiver pra levantar e gritar".
Amigos leitores, façam uma reflexão de tudo o que você acabou de ler.
Oh, Deus, tua criação continua perfeita nesse lindo amanhecer... Até aqui o Senhor nos ajudou... Crianças especiais... Feliz Dia da Criança!
E aos meus queridos alunos do Evangélico (Mossoró), Jesus te ama e eu também...
tia Martha