2/14/2007

O MONSTRO DA INDIFERENÇA

Martha Cristina E. Maia
Professora
marthacristinamaia@hotmail.com


Aos professores que aceitam e respeitam, a inclusão é uma porta de entrada facilitadora para os alunos com deficiência que são excluídos.
Esses são os especiais, com vontade de aprender através dos resgates dos seus direitos. No RJ, uma professora com paralisia cerebral ganha na Justiça o direito de lecionar. Ela não coordena os movimentos das pernas e dos braços. Ouça as mãos, e o que faz pensar sobre a surdez que requer penetrar no mundo dos surdos e ouvir as mãos que, com alguns movimentos nos dizem o que fazer para tornar possível o contato entre nós.

Permita-se, querido leitor, ouvir essas mãos, e só assim será possível mostrar aos surdos como eles podem ouvir o silêncio das palavras escritas. O mundo deve reconhecer que a pigmentação da pele de um homem ou qualquer outro tipo de deficiência nada tem a ver com o seu coração e as suas capacidades. Quanto a mim, que também sou deficiente, lamento ter apenas uma vida para escrever e defender e responder à altura àqueles que me discriminam com um olhar ou uma palavra.

"Nas sementes da grandeza não se olha de cima para baixo, nem de baixo para cima nenhum homem." Tudo o que dificulta nosso caminho esbarra em nossas deficiências, e é diante delas que aprendemos nosso melhor trajeto, a melhor maneira de encontrarmos nossas dificuldades e caminhar com elas.

Vamos andando na cidade de Mossoró que eu vou lhe mostrando alguns obstáculos nas calçadas, nas filas de banco, no trânsito... mas tropeçar faz parte da caminhada de todo mundo. Será?

O caminho para o trabalho já é um obstáculo, a pista cheia de buracos, se está ruim para moto ou carro andar, imagine para uma cadeira de rodas. Imagine que para conseguir um emprego é preciso superar impedimentos muito maiores que as escadas.

Algumas entidades têm um papel fundamental na colocação de empregos, mas também o que consta é o esforço pessoal de cada um. Imagine também quantos laudos médicos que diziam incapazes ou excluíam dos concursos cegos, entre outras deficiências!

"Há 3 coisas grandes no mundo: um oceano, uma montanha e um homem dedicado a algo, mas Deus disse que era para construir um mundo melhor. E eu perguntei: como? - o mundo é um lugar tão frio e escuro e agora tão complicado e eu sou tão novo e inútil, não posso fazer nada. Mas Deus, com toda sabedoria, disse: Constrói tu um melhor, você é o primeiro passo". Vi na revista Veja de outubro de 2006 o exemplo de vida de uma engenheira, bióloga americana Temple Gondim, que até 3 anos não pronunciava uma palavra, e somente aos
30 anos conseguiu olhar alguém nos olhos.

Ela sofre de um grau moderado de autismo, mas foi estimulada desde cedo a se integrar ao mundo e tornou-se professora universitária. Além de dar aulas na faculdade, projeta equipamentos para pecuária. Seus equipamentos foram usados para ela entender significados. Então começou a traduzir conceitos em figuras, emoções e sensações.
A honestidade, por exemplo, era para ela a figura de um homem com a mão sobre a bíblia fazendo um juramento. A mente dela funcionava como um google que busca imagens.

Transmito uma mensagem ao querido leitor, uma mensagem diferente aos diferentes para que, na sua extrema fragilidade, descubram fortalezas. E muitas vezes na vida quase desacreditamos na Justiça do Brasil, mas o Ministério Público, o do Trabalho e o da União resgatam um pouco a minha fé na Justiça, enquanto eles caminham com os diferentes, resgatando os seus direitos e combatendo nessa sociedade o monstro da indiferença. Que neste lindo amanhecer tenha por alicerce o caráter, a fé e o amor com os semelhantes, é o meu desejo.




Obtenha o novo Windows Live Messenger! Experimente!

No comments: